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E O QUE É A DIGITALIZAÇÃO?

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E O QUE É A DIGITALIZAÇÃO?

Cresci em um tempo em que os primeiros computadores pessoais começavam a se popularizar. No final dos anos 70 e início da década de 80, jovens e adultos de várias partes do mundo, especialmente dos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido, passaram a ter acesso a itens até então disponíveis apenas para grandes empresas e que ocupavam salas inteiras.

No começo dos anos 80, a Apple despontava então como líder de um movimento que iria de fato provocar mudanças em cadeia, em um efeito dominó que mudou nossas vidas. Porém, ela não foi a única empresa a provocar isso. Era uma época de efervescência.

No Brasil, vivíamos a reserva de mercado que nos isolava das maiores inovações globais, mas lá fora o futuro estava chegando. Além da Apple, empresas como Atari, Sinclair, no Reino Unido, Microsoft e outras poderiam ser qualificadas hoje como startups. Essa última se preparava para assumir uma posição de domínio quase absoluto de quase todos os desktops do planeta. Isso bem antes do Google, Facebook, Instagram ou mesmo do LinkedIn.

Eu, desde cedo, gostava de tecnologia e já fazia meus experimentos montando pequenos circuitos que vinham em revistas de eletrônica daquele tempo. Na época, os geeks se interessavam muito por essas coisas. Fui um dos primeiros garotos a gastar todas as pequenas economias para comprar um computador, no caso um TK 82, que me abriu um novo horizonte. Ele era portátil, podia ser plugado em uma TV e exibia imagens em preto e branco. Eu já era aficionado por eletrônica, por hardware, mas com essa novidade, tive as primeiras experiências concretas sobre o que a interação entre o virtual e o real pode fazer.

Pela primeira vez me vi fascinado por algo, pela possibilidade de determinar o que uma máquina poderia fazer por mim, por meio de pequenos programas armazenados em fitas de áudio, em um gravador de cassetes, a 300 bps (bits por segundo). Um programa simples levava muitos minutos para ser carregado. Foi naquele computador que aprendi os rudimentos do BASIC e da misteriosa linguagem de máquina, e pude criar os primeiros aplicativos, bem simples mesmo, mas que me ajudaram a entender que as máquinas podem agregar eficiência nas atividades mais cotidianas.

Conectividade externa, internet… não havia nada disso, mas aquela experiência era a porta de entrada para um novo horizonte. Um horizonte que explodiu nos anos 90, com o barateamento dos computadores e proliferação de softwares, inclusive independentes, que tornaram mais simples e rápidas atividades complexas.

Com o acesso fácil da Internet nos primeiros browsers, como Mosaic e Netscape, o portal do conhecimento e da colaboração se abriu e trouxe mudanças tão profundas em nossas vidas que, às vezes, nos esquecemos de quão recentes ela são.

A chegada dos primeiros Smartphones, há poucos anos, me deixou ainda mais fascinado, pois eles prometiam agilizar e facilitar minha vida e me lançar às redes sociais em qualquer lugar e a qualquer tempo. Este não foi só mais um invento que despertou meu interesse, mas foi aquele que deixou evidente o novo mundo de possibilidades que estava por se abrir. Não se tratava mais de um instrumento para conversar apenas, mas de um computador, muitas vezes mais poderoso que os existentes cinco ou dez anos antes e com as infinitas possibilidades que a interconectividade poderia oferecer.

Para mim, foi quando começou a ficar claro que a digitalização era a mais inadiável tendência que vinha para mudar a forma com que fazemos negócios, nos divertimos e nos relacionamos, fundindo inseparavelmente os mundos reais e virtuais, criando uma sociedade de alta eficiência, menos dependente de recursos naturais, mais universal e acessível para todos.

As mudanças não pararam aí, e fiquei fascinado quando li recentemente que no final da última década, há pouco mais de seis anos, o mundo inteiro armazenava e manipulava algo como 800 exabytes, ou seja, mais de 800 quintilhões de bytes (ou 800.000.000.000.000.000.000 bytes ufa!). Em 2013 já eram mais de 4.4 zettabytes, ou mais de 4.4 sextilhões de bytes. Ou seja, 5,5 vezes mais dados do que em 2009. Estima-se que até 2020 sejam mais de 44 zettabytes, 55 vezes mais dados em apenas 11 anos. É realmente de tirar o fôlego e confundir a cabeça de qualquer um. Muita coisa estará “mapeada” na rede, em algum lugar da nuvem.

Porém, simplesmente dados armazenados em grande quantidade não têm muita relação com o conceito evolucionário da digitalização. É preciso algo mais. É preciso ter a capacidade e a “esperteza” para analisar esses dados, interpretá-los e tirar conclusões, identificar e correlacionar padrões, tornar visível algo que o cérebro humano não seria capaz de reconhecer por si só, e assim dar dinâmica em tempo real (ou seja, ao mesmo tempo em que as coisas acontecem) ao modelo digital mapeado na nuvem. E isso já é realidade em computadores que têm tanta capacidade de processamento que esses desafios estão cada vez mais fáceis para eles. Isto é a “Digitalização”.

Em uma fábrica, por exemplo, controladores em rede IP fornecem informações em tempo real para o modelo digital na nuvem, que são processados e analisados a todo instante, tornando o real e o virtual um só, interligado, fundido. É o gêmeo digital (ou digital twin) da fábrica. E agora, o que fazer com a fábrica e seu gêmeo digital? É isso mesmo. A fábrica no mundo real tem a sua contraparte no mundo virtual! Toda ela montada, testada sob condições reais, para que funcione com o máximo de eficiência.

É ai que as oportunidades não param de pipocar na minha mente, desde torná-las flexíveis para fabricar produtos customizados em massa, um exemplar diferente para cada cliente, ou torná-las autoaperfeiçoáveis, buscando a perfeição em qualidade e eficiência, ou até poder gerenciá-los do meu smartphone por meio de um app.

A mesma ideia pode se aplicar de novo e de novo para qualquer coisa que se queira, seja uma fábrica da minha empresa, uma planta de geração de energia, o trânsito de carros em São Paulo, ou mesmo para distribuir Pokémons por aí para as “crianças” e até adultos caçarem.

A digitalização desconhece limites e vai continuar mudando nosso jeito de viver. A evolução da digitalização, na velocidade em que segue, poderá propiciar mais produção com menos desperdício, produtos customizados para a necessidade dos clientes, trabalho virtual com menos necessidade de deslocamento, novas formas de trabalho mais acessível. Enfim, finalmente, produzir mais satisfação da humanidade com menos uso de recursos naturais, e, quem sabe, aliviar o planeta em tempo para que as próximas gerações possam sentir o prazer da natureza também no mundo real.

Fonte: Siemens Brazil